terça-feira, 30 de agosto de 2011

AVALIAÇÃO DE LINGUA PORTUGUESA - 3º ANO A


AVALIAÇÃO DE LINGUA PORTUGUESA DA ESCOLA FRANCISCO HOLANDA MONTENEGRO

Nome: ______________________________ Série: ________ Nº_______ Data: _______/_______/________ Profa. Socorro Batista

01. (UFRGS-RS) Lima Barreto é um autor que se caracteriza por criar tipos:
a. rústicos, ligados ao campo.
b. aristocratas, ligados ao campo.
c. aristocratas, ligados à cidade.
d. burgueses, ligados à cidade.
e. populares, ligados ao subúrbio.

02. (PUC-RS) Na figura de....., Monteiro Lobato criou o símbolo do brasileiro abandonado ao seu atraso e miséria pelos poderes públicos.
a. O Cabeleira
b. Jeca Tatu
c. João Miramar
d. Blau Nunes
e. Augusto Matraga

03. (PUC-RS) A obra pré-modernista de Euclides da Cunha situa-se entre a..... e a ..... .
a. História - Psicologia
b. Geografia - Economia
c. Literatura - Sociologia
d. Arte - Filosofia
e. Teologia - Geologia

04. (FAUS-SP) Criador da literatura infantil brasileira. Criticado por seu agnosticismo, pois era influenciado pelo evolucionismo, positivismo e materialismo de fins do século passado.
a. Monteiro Lobato
b. Jorge de Lima
c. Rui Barbosa
d. José de Anchieta
e. José Lins do Rego

05. (UFR-RJ)
"Crítico feroz do Modernismo, grande incentivador da disseminação da cultura, defensor dos valores e riquezas nacionais; conhecido, particularmente, pela sua grande obra infantil, em que se destacam os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo." O nome do autor a que se refere a afirmativa acima é:
a. Lima Barreto
b. José Lins do Rego
c. Monteiro Lobato
d. Mário de Andrade
e. Cassiano Ricardo

06. (UFR-RJ) O autor de Triste fim de Policarpo Quaresma é um pré-modernista e aborda em seus romances a vida simples dos pobres e dos mestiços. Reveste o seu texto com a linguagem descontraída dos menos privilegiados socialmente.
O autor descrito acima é:
a. Euclides da Cunha
b. Graça Aranha
c. Manuel Bandeira
d. Lima Barreto
e. Graciliano Ramos

07. Observe as frases e reescreva aquela em que deve ser colocado o acento indicativo de crase, justificando seu emprego.

a) Fui a pé ao colégio.
b) Fui a padaria para minha mãe.
c) Não falei a ninguém sobre o assunto.

08. Complete as frases com pronome relativo adequado.

a) Na hora pensei que fosse algum amigo .... eu não conhecesse. (Fernando Sabino)
b) Saiu como ....... não quer nada.
c) Vamos à cidade .......... eu vivi até os 18 anos.
d) Guardaram para nós o mesmo carinho com .............. tinham recebido os estrangeiros.
e) Fixei os olhos nas flores, ......... cores me impressionaram.

09. Junte as duas orações num só período, usando o pronome relativo adequado.
a) A caneta é de plástico. Nós compramos a caneta.
b) A casa é azul. Eu nasci nessa casa.
c) O menino está doente. O pai do menino é escritor.
d) O aluno estudou. O aluno fará a prova com facilidade.
e) A cantora lançou um novo disco. Nós gostamos muito da cantora.

10. Das cinco frases a seguir, duas não estão adequadas à regência verbal recomendada pela variedade culta da língua. Assinale-as.
a) Ele jamais ousaria desobedecer ao pai.
b) Ele jamais ousaria desobedecer à mãe.
c) As crianças preferem mais as festas do que os passeios.
d) É inacreditável alguém simpatizar com aquele político arrogante.
e) Meu amigo aspirava o cargo de gerente.

11. Re-escreva as frases, substituindo o verbo em destaque pelo indicado nos parênteses. Faça as adaptações necessárias para adequar a regência verbal à norma culta.
a) Os animais amestrados respeitam os seus treinadores. (obedecer)
b) Por que você não ficou no clube ontem? (ir)
c) A miséria mundial atingiu uma situação trágica. (chegar)

12. Complete as orações adjetivas com:
a que - em que - de que
a) O carro ........ viajávamos quebrou.
b) O livro ...... falamos está esgotado.
c) Não havia peça teatral ...... ele não assistisse
d) As coisas ....... gostamos são muitas.
e) O colégio ...... estudamos é especial

Para responder aos testes 13 a 14, leia o texto que segue.

A conhecida fábula da formiga e da cigarra é um exemplo perfeito para demonstrarmos a percepção que muitos têm da publicidade.
Convém, pois, relembrá-la aqui. A história conta que a formiga trabalhou o ano inteiro, juntando provisões para enfrentar o inverno, época na qual não poderia sair de casa e enfrentar o rigor do frio. A cigarra, por sua vez, comportando-se de forma oposta, cantou o tempo todo, vindo a sofrer no inverno, quando não tinha como se proteger do frio, nem comida para se alimentar.
A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina, de maneira maniqueísta, que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades.
Cabe, no entanto, uma outra interpretação, em que associamos o trabalho da formiga ao canto da cigarra numa relação de simbiose. Nesse caso, as duas personagens trabalham. A formiga se desdobra, mostrando enorme capacidade de mobilização e um poder de organização modelar. Já a cigarra atua de outra forma: o canto é seu trabalho. E é por intermédio do canto que ela divulga o labor da formiga e, inclusive, a estimula a mover-se
Sob esse ponto de vista, podemos comparar as várias etapas do trabalho da formiga ao marketing. E o canto da cigarra, à propaganda. (...) a interpretação tradicional é aquela que predomina e impõe à publicidade uma "imagem" que não corresponde à realidade, mas apenas à sua aparência. Assim, a cigarra incorpora o mal e, por isso, pode ser atacada facilmente; a formiga representa o bem, e, portanto, deve ser poupada. Aparência e realidade se confundem na percepção coletiva e dão à propaganda o papel de vilã, aliada principal do capitalismo na reprodução de sua ideologia pelos meios de comunicação de massa.
João Carrascoza, Estudos sobre a retórica do consumo.

13. A respeito do texto transcrito, leia as afirmações abaixo.

I. Segundo o texto, a interpretação tradicional de "A cigarra e a formiga" representa metaforicamente o que efetivamente ocorre com a propaganda e o marketing: enquanto a primeira merece os males aos quais é exposta, o segundo tem extrema capacidade de trabalho.
II. De acordo com o autor do texto, a formiga da fábula é mais merecedora de benefícios do que a cigarra, uma vez que representa o mundo do trabalho.
III. Fazendo uso de um termo referente ao campo semântico dos animais, o texto defende que há uma "simbiose" entre a cigarra e a formiga ou, metaforicamente, entre a propaganda e o marketing.
IV. O autor do texto se contrapõe à visão maniqueísta a respeito da propaganda, que a julga como aliada do capitalismo.

São corretas as afirmações:
a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. II, III e IV.
e. I e IV.

14. Assinale a alternativa que apresente a opinião do autor do texto transcrito.

a. "a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades." [3.o parágrafo]
b. "associamos o trabalho da formiga ao canto da cigarra numa relação de simbiose." [4.o parágrafo]
c. "A formiga se desdobra, mostrando enorme capacidade de mobilização e um poder de organização modelar." [4.o parágrafo]
d. "a cigarra incorpora o mal e, por isso, pode ser atacada facilmente; a formiga representa o bem, e, portanto, deve ser poupada." [6.o parágrafo]
e. "Aparência e realidade se confundem na percepção coletiva e dão à propaganda o papel de vilã" [6.o parágrafo]

15. No período "Convém, pois, relembrá-la aqui.", o termo destacado estabelece relação de:
a. explicação
b. conclusão
c. exemplificação
d. conformidade
e. consequência

16. Assinale abaixo a única frase que apresenta exatamente o mesmo sentido do período "A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina, de maneira maniqueísta, que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades."
a. De maneira maniqueísta, a interpretação tradicional dessa fábula nos ensina que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades.
b. A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina que a formiga trabalha de maneira maniqueísta e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades.
c. A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra, de maneira maniqueísta, apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades.
d. A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, de maneira maniqueísta, merece passar pelas adversidades.
e. A interpretação tradicional dessa fábula nos ensina que a formiga trabalha e é previdente, ao passo que a cigarra apenas canta e, portanto, merece passar pelas adversidades de maneira maniqueísta.

Leia a sinopse do filme "A Vítima Suspeita", publicada no site de um canal de TV, para responder aos testes 17 e 18.

Jovem mãe torna-se suspeita pelas autoridades depois de informá-las sobre o seqüestro de seu bebê. Ela deve encontrar os culpados para poder livrar-se desta situação.

17. A preposição "por" em "torna-se suspeita pelas autoridades" não é a mais adequada para indicar a ideia de que o relato da jovem mãe sobre o sequestro do filho a comprometeu frente às autoridades. Assinale a única frase em que não se corrigiu o equívoco do texto original.

a. Jovem mãe é considerada suspeita pelas autoridades.
b. Jovem mãe torna-se suspeita para as autoridades
c. Jovem mãe passa a ser suspeita segundo as autoridades.
d. Jovem mãe é julgada suspeita em função das autoridades.
e. Jovem mãe transforma-se alvo da suspeita das autoridades.
18. Observe as hipóteses de desenvolvimento para a oração subordinada adverbial reduzida presente em "Ela deve encontrar os culpados para poder livrar-se desta situação".
I. ainda que possa se livrar desta situação
II. de modo que possa se livrar desta situação
III. para que possa se livrar desta situação

O desenvolvimento sugerido e a circunstância expressa estão corretos apenas em
a. I - concessão.
b. II - consequência.
c. III - finalidade.
d. II - finalidade.
e. III - conformidade.
19. Leia o seguinte comentário do crítico Alfredo Bosi sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Bento não vê na bem - amada olhos enviesados para os lados ou para baixo; vê olhos de ressaca, intuição perturbadora, metáfora sugestiva que transfere para as vagas do mar, do mar que voltará tragando Escobar, o fluxo e o refluxo do olhar, figura da vontade de viver e de poder, uma só energia latente naquela mulher, "mais mulher do que eu era homem", como Bentinho admite na sua confissão de fraqueza que inverte a posição de classe e a faz esquecida ou inoperante.
O enigma do olhar.

Sobre o texto transcrito, assinale a alternativa incorreta.

a. Na primeira oração do trecho, o crítico refere-se, indiretamente, à expressão "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", criada por José Dias.
b. De acordo com Alfredo Bosi, a metáfora "olhos de ressaca" sugere a perturbação sentida por Bentinho diante de uma mulher poderosa e voluntariosa.
c. O texto faz referência tanto à primeira quanto à segunda ocorrência da imagem "olhos de ressaca" na obra, relativa ao velório de Escobar.
d. "Capitu era mais mulher do que eu era homem" é uma frase a que o crítico se refere e que fora proferida pelo narrador para sugerir as dúvidas que o atormentavam.
e. O fato de Capitu ser "mais mulher" do que Bentinho "era homem" é vista, pelo crítico, como capaz de subverter a hierarquia social. O relogio não fez a leitura da aluna porque suas digitais são de baixa qualidade em que se inscrevem essas personagens.




 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

GÊNERO TEXTUAL - ATIVIDADE 2 ANO A


Gênero Textual e Tipologia Textual

A diferença entre Gênero Textual eTipologia Textual é, no meu entender, importante para direcionar o trabalho do professor de língua na leitura, compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste pequeno ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Textual eTipologia Textual, usando, para isso, as considerações feitas por Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionáveis para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas considerações a respeito de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia.
Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreensão e a produção escrita em Língua Materna deve ter como meta primordial o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele tenha capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação específica de interação humana.
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na escola a partir da abordagem do Gênero Textual2. Marcuschi não demonstra favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele, o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez que não é possível, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque, embora possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles se concretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças específicas.
Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG) defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferentes modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento da competência comunicativa. De acordo com as idéias do autor, cada tipo de texto é apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de levantamento de quais tipos seriam mais necessários para os alunos, para, a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários.
Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivocada, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a carta pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual.
O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo, muitas das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos. Ele apresenta uma carta pessoal3como exemplo, e comenta que ela pode apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argumentação. Ele chama essa miscelânea de tipos presentes em um gênero de heterogeneidade tipológica.
Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente são encontrados tipos puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987) é um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descrição, a injunção e a predição4. Travaglia afirma que um texto se define como de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de interlocução que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em função do espaço ocupado por um tipo na constituição desse texto.
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero mas ter sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextualidade intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu no texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza altamente híbrida, sendo que um gênero assume a função de outro.
Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um intercâmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis, na opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de descrições e comentários dissertativos feitos por meio da narração.
Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configuração teórica:
a) intertextualidade intergêneros = um gênero com a função de outro
b) heterogeneidade tipológica = um gênero com a presença de vários tipos
Travaglia mostra o seguinte:
a) conjugação tipológica = um texto apresenta vários tipos
b) intercâmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro
Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gêneros não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes5.Ele diz, ainda, que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma lista de produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação de produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários daquele produto.
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termoTipologia Textual é usado para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).
Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam características sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.
Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada pela imagem que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformação, quando o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o produtor vir o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discurso da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião de Travaglia, uma perspectiva em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma forma, é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de comprometimento ou não. Resumindo, cada uma das perspectivas apresentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva faz surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A segunda perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6 e não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação faz surgir o tipo preditivo. A do comprometimento dá origem a textos do mundo comentado (comprometimento) e do mundo narrado (não comprometimento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, de maneira geral, no tipo narração. Já os do mundo comentado ficariam no tipo dissertação.
Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas e vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabemos que gênero usar em momentos específicos de interação, de acordo com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail, sabemos que ele pode apresentar características que farão com que ele “funcione” de maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo não é o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo informações sobre um concurso público, por exemplo.
Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece que ele diferenciaTipologia Textual de Gênero Textual a partir dessa “qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu gênero ou tipo, não exerce uma função social qualquer?
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta sua função social. Os exemplos que ele traz são telefonema, sermão, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, etc.
Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de gêneros como mostra o que, na sua opinião, seria a função social básica comum a cada um: aviso, comunicado, edital, informação, informe, citação (todos com a função social de dar conhecimento de algo a alguém). Certamente a carta e o e-mail entrariam nessa lista, levando em consideração que o aviso pode ser dado sob a forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua exemplificando apresentando a petição, o memorial, o requerimento, o abaixo assinado (com a função social de pedir, solicitar). Continuo colocando a carta, o e-mail e o ofício aqui. Nota promissória, termo de compromisso e voto são exemplos com a função de prometer. Para mim o voto não teria essa função de prometer. Mas a função de confirmar a promessa de dar o voto a alguém. Quando alguém vota, não promete nada, confirma a promessa de votar que pode ter sido feita a um candidato.
Ele apresenta outros exemplos, mas por questão de espaço não colocarei todos. É bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que não foram mostrados aqui, apresentam função social formal, rígida. Ele não apresenta exemplos de gêneros que tenham uma função social menos rígida, como o bilhete.
Uma discussão vista em Travaglia e não encontrada em Marcuschi7 é a de Espécie. Para ele, Espécie se define e se caracteriza por aspectos formais de estrutura e de superfície lingüística e/ou aspectos de conteúdo. Ele exemplifica Espécie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo narrativo: a história e a não-história. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta as Espécies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele mostra as Espécies distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica e comentadora xnarradora. Mudando para gênero, ele apresenta a correspondência com as Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício, etc. No gênero romance, ele mostra as Espécies romance histórico, regionalista, fantástico, de ficção científica, policial, erótico, etc. Não sei até que ponto a Espécie daria conta de todos os Gêneros Textuais existentes. Será que é possível especificar todas elas? Talvez seja difícil até mesmo porque não é fácil dizer quantos e quais são os gêneros textuais existentes.
Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica não percebida em Marcuschi, o oposto também acontece. Este autor discute o conceito de Domínio Discursivo. Ele diz que os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam(p. 24). Segundo informa, esses domínios não seriam nem textos nem discursos, mas dariam origem a discursos muito específicos. Constituiriam práticas discursivas dentro das quais seria possível a identificação de um conjunto de gêneros que às vezes lhes são próprios como práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas. Como exemplo, ele fala dodiscurso jornalístico, discurso jurídico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalística, jurídica e religiosa, não abrange gêneros em particular, mas origina vários deles.
Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso, mas não como Marcuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que é para ele tipologia de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipologias de discurso usarão critérios ligados às condições de produção dos discursos e às diversas formações discursivas em que podem estar inseridos (Koch & Fávero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fávero, o autor fala que uma tipologia de discurso usaria critérios ligados à referência (institucional (discurso político, religioso, jurídico), ideológica (discurso petista, de direita, de esquerda, cristão, etc), a domínios de saber (discurso médico, lingüístico, filosófico, etc), à inter-relação entre elementos da exterioridade (discurso autoritário, polêmico, lúdico)). Marcuschi não faz alusão a uma tipologia do discurso.
Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando falam que texto ediscurso não devem ser encarados como iguais. Marcuschi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum Gênero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera o discursocomo a própria atividade comunicativa, a própria atividade produtora de sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma exterioridade sócio-histórica-ideológica (p. 03).Texto é o resultado dessa atividade comunicativa. O texto, para ele, é visto como
uma unidade lingüística concreta que é tomada pelos usuários da língua em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão (p. 03).
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que sua preocupação é com a tipologia de textos, e não de discursos. Marcuschi afirma que a definição que traz de texto e discurso é muito mais operacional do que formal.
Travaglia faz uma “tipologização” dos termos Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie. Ele chama esses elementos de Tipelementos. Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipológicos (Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie) são básicos na construção das tipologias e talvez dos textos, numa espécie de analogia com os elementos químicos que compõem as substâncias encontradas na natureza.
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discussões feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gêneros Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho com o gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele apresenta a idéia básica de que um maior conhecimento do funcionamento dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a compreensão de textos. Travaglia não faz abordagens específicas ligadas à questão do ensino no seu tratamento à Tipologia Textual.
O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipologia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem parece ser mais taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que entram na composição da grande maioria dos textos. Para ele, a questão dos elementos tipológicos e suas implicações com o ensino/aprendizagem merece maiores discussões.
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuais ideais para o ensino de língua. Ele afirma que é possível a identificação de gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais formal, do mais privado ao mais público e assim por diante. Os gêneros devem passar por um processo de progressão, conforme sugerem Schneuwly & Dolz (2004).
Travaglia, como afirmei, não faz considerações sobre o trabalho com a Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia teria que, no mínimo, levar em conta a questão de com quais tipos de texto deve-se trabalhar na escola, a quais será dada maior atenção e com quais será feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja considerada a idéia de Travaglia, deve levar em conta uma série de fatores, porém dois são mais pertinentes:
a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composição de quaisquer outros textos (não sei ao certo se isso é possível. Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo não dê ao aluno o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa. Um aluno que pára de estudar na 5ª série e não volta mais à escola teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais trabalhado nessa série. Será que ele estaria preparado para produzir, quando necessário, outros tipos textuais? Ao lidar somente com o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, não deixa de trabalhar com os outros tipos?);
b) A utilização prática que o aluno fará de cada tipo em sua vida.
Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gênero Textual na escola, embora saiba que todo gênero realiza necessariamente uma ou mais seqüências tipológicas e que todos os tipos inserem-se em algum gênero textual.
Até recentemente, o ensino de produção de textos (ou de redação) era feito como um procedimento único e global, como se todos os tipos de texto fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e, por isso, não exigissem aprendizagens específicas. A fórmula de ensino de redação, ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras – que consiste fundamentalmente na trilogia narração, descrição e dissertação – tem por base uma concepção voltada essencialmente para duas finalidades: a formação de escritores literários (caso o aluno se aprimore nas duas primeiras modalidades textuais) ou a formação de cientistas (caso da terceira modalidade) (Antunes, 2004). Além disso, essa concepção guarda em si uma visão equivocada de que narrar e descrever seriam ações mais “fáceis” do que dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual esta última tenha sido reservada às séries terminais - tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.
O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto pela perspectiva dos gêneros reposiciona o verdadeiro papel do professor de Língua Materna hoje, não mais visto aqui como um especialista em textos literários ou científicos, distantes da realidade e da prática textual do aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social. Assim, o espaço da sala de aula é transformado numa verdadeira oficina de textos de ação social, o que é viabilizado e concretizado pela adoção de algumas estratégias, como enviar uma carta para um aluno de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar uma carta de solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entrevista, etc. Essas atividades, além de diversificar e concretizar os leitores das produções (que agora deixam de ser apenas “leitores visuais”), permitem também a participação direta de todos os alunos e eventualmente de pessoas que fazem parte de suas relações familiares e sociais. A avaliação dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literários ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é aquele que apresenta, ou só apresenta, características literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido, ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalidade do texto.
Acredito que abordando os gêneros a escola estaria dando ao aluno a oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gêneros Textuais socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interação humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua constituição como sujeito. A atividade com a língua, assim, favoreceria o exercício da interação humana, da participação social dentro de uma sociedade letrada.
1 - Penso que quando o professor não opta pelo trabalho com o gênero ou com o tipo ele acaba não tendo uma maneira muito clara para selecionar os textos com os quais trabalhará.
2 - Outra discussão poderia ser feita se se optasse por tratar um pouco a diferença entre Gênero Textual e Gênero Discursivo.
3 -Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente descritiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa. Acho meio difícil alguém conseguir escrever um texto, caracterizado como carta, apenas com descrições, ou apenas com injunções. Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar, ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo.
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem previsão, como o boletim meteorológico e o horóscopo.
5 - Necessárias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma carta.
6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo
 stricto sensu é o que faz argumentação explícita.
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso.
Texto - tipos e gêneros
O texto tem organização e estrutura próprias que definem o seu sentido, e este lhe permite ser objeto de comunicação entre dois sujeitos: destinador e destinatário. O texto é um todo com significado e com o objetivo de comunicação.
Texto
Existem várias definições para texto. É fundamental saber que um texto é uma ocorrência linguística dotada de certa formalidade, o que lhe dá sentido e lhe permite exercer a sua função sociocomunicativa. Os estudos mais comprometidos com o texto fazem parte da Linguística Textual. Esse ramo da ciência linguística que pode levar o estudo para além da frase e até além do próprio texto.
Um texto tem que ter uma estrutura tal que, ao longo do seu percurso, a relação entre seus elementos sejam mantidas. Estas são as relações de coesão e coerência, sem as quais o texto perde o seu sentido ou se torna monótono. Conforme a função à qual o texto se destina, o texto fica enquadrado num certo tipo de gênero. Cada tipo de texto seleciona um tipo de leitor, exatamente por querer cumprir uma certa finalidade.
Tipos de textos
O modo de se estabelecer a interação entre texto e leitor é o que vai determinar o tipo de texto. Isso significa que o tipo é caracterizado pela natureza linguística de sua construção teórica, ou seja, por seus tempos verbais, aspectos lexicais e sintáticos, relações entre seus elementos. Os principais tipos textuais são: descritivos, dissertativo, narrativo, argumentativo, expositivo, injuntivo.
Os gêneros de textos
Se o tipo é organizado pelos seus elementos formais, o gênero é caracterizado pelo estilo do texto, pela sua função sociocomunicativa, ou seja, para o fim a que se destina. Surgem, pois, vários gêneros (orais e/ou escritos): bula de remédios, bilhete, narrativas, artigos de opinião, crônicas, romances, receitas, classificados, reportagens jornalísticas, carta pessoal, carta comercial, catálogos, lista telefônica, telefonema, email, cardápio, chat, manual de instruções, resenha, outdoor, plano de aula, aula virtual, resumo, charge, boletim de ocorrência, edital de concurso, relatório, piada, conversação comum, conferência, sermão, romance, biografia, horóscopo, reunião, etc.
Tipos e gêneros podem conviver num mesmo texto, mas normalmente um predomina. Textos dissertativos argumentativos podem trazer cenas descritivas, e vice-versa. Assim sendo, um texto, por exemplo, do gênero carta, pode ser do tipo narrativo, argumentativo, etc. Um romance pode trazer trechos descritivos, embora seja predominantemente narrativo. Numa bula de remédio estão presentes três tipos: descritivo, dissertativo e injuntivo. Na fábula, o narrativo e argumentativo. Concluímos que, um mesmo tipo de texto pode ocorrer em vários gêneros.
Gênero Textual ou Gênero de Texto refere-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesiacrônicascontosprosaetc.
Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.
Gêneros Orais e Escritos na Escola
Domínios sociais de comunicação
Aspectos tipológicos
Capacidade de linguagem dominante
Exemplo de gêneros orais e escritos
Cultura Literária Ficcional
Narrar;
Mimeses de ação através da criação da intriga no dominio do verossímil
[Conto Maravilhoso], Conto de Fadas, fábula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou história engraçada, biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada
Documentação e memorização das ações humanas
Relatar
Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo
Relato de experiência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, noticia, reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia
Discussão de problemas sociais controversos
Argumentar
Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição
Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, deliberação informal, debate regrado, assembléia, discurso de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, ensaio
Transmissão e construção de saberes
Expor
Apresentação textual de diferentes formas dos saberes
Texto expositivo, exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral, palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, relatório oral de experiência
Instruções e prescrições
Descrever ações
Regulação mútua de comportamentos
Instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, textos prescritivos

Sempre que nos manifestamos linguisticamente, o fazemos por meio de textos. E cada texto realiza sempre um gênero textual. Cada vez que nos expressamos linguisticamente estamos fazendo algo social, estamos agindo, estamos trabalhando. Cada produção textual, oral ou escrita, realiza um gênero porque é um trabalho social e discursivo. As práticas sociais é que determinam o gênero adequado. Mas o que então pode ser classificado como gênero textual? Pode – se dizer que os gêneros textuais estão intimamente ligados à nossa situação cotidiana. Eles existem como mecanismo organização das atividades sociocomunicativas do dia-a-dia. Assim caracterizam-se como eventos textuais maleáveis e dinâmicos. Vejamos: Nas sociedades modernas, trabalho e obtenção de dinheiro estão intrinsecamente ligados. Por isso, muitas vezes não percebemos que algumas de nossas atividades cotidianas não remuneradas também são trabalho. O trabalho representa, na sociedade em que vivemos para cada indivíduo, uma forma de se situar na sociedade, sendo ele remunerado ou não. Por isso trabalho é parte integrante da vida de cada um de nós. Nessa perspectiva, a linguagem é um dos nossos mais relevantes trabalhos.
Gêneros textuais
Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, literários ou não-literários.
Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funções sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, atlas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, cartazes, comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão.
Textual
Exemplos de Gênero Textual
Narrativo: Fábula/ Charge
Descritivo Relato Pessoal/ Poema (descritivo)
Dissertativo: Carta de Leitor, Carta de reclamação
Domínios sociais de Comunicação
Aspectos tipológicos
Capacidades de linguagem dominantes
Exemplos de Gêneros Escritos e Orais
Cultura literária ficcional
Narrar
Mimese da ação através da criação da intriga no domínio verossímil
Conto maravilhoso / Conto de fadas / Fábula / Lenda / Narrativa de aventura / Narrativa de ficção científica / Narrativa de enigma / Narrativa mítica / Sketch ou história engraçada
Biografia romanceada / Novela fantástica
Conto / Crônica Literária / Adivinha / Piada
Documentação e memorização das ações humanas
Relatar
Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo/ Relato de experiência vivida / Relato de uma viagem / Diário íntimo / Testemunho / Anedota ou caso / Autobiografia /
Curriculum vitae /...
Notícia/ Reportagem / Crônica social / Crônica esportiva //... / Histórico/ Relato histórico / Ensaio ou perfil biográfico / Biografia
Discussão de problemas sociais controversos
Argumentar
Sustentação, refutação e negociação de tomada de posição/ Textos de opinião / Diálogo argumentativo /Carta de Leitor / Carta de reclamação / Carta de solicitação / Deliberação informal / Debate regrado / Assembléia / Discurso de defesa (Advocacia) /Discurso de acusação (Advocacia) Resenha crítica / Artigos de opinião ou assinados /Editorial / Ensaio
Domínios sociais de Comunicação
Aspectos tipológicos
Capacidades de linguagem dominantes
Exemplos de Gêneros Escritos e Orais
Transmissão e construção de saberes
Expor
Apresentação textual de diferentes formas dos saberes
Texto expositivo (em livro didático) / Exposição oral / Seminário / Conferência / Comunicação oral / Palestra / Entrevista de especialista / Verbete / Artigo enciclopédico / Texto explicativo /
Tomada de notas / Resumo de textos expositivos e explicativos / Resenha
Relatório científico / Relatório oral de experiência
Instruções e prescrições
Descrever Ações
Regulação mútua de comportamento
Instruções de montagem/ Receita / Regulamento / Regras de jogo / Instruções